XuCruTinho
sábado, fevereiro 23, 2008
 
continuando com os emails de amigas que sofreram por caras galinhas. esse é de novembro de 2002. é impressionante como alguns dramas da vida se mantêm atuais. divirta-se.

*******

Bom, eu não sei o que exatamente eu te contei por último a respeito da minha situação com o Rodrigo. eu acho que te contei que a gente pra jantar e comemorar o meu aniversário e que foi lindo, mas não rolou beijo *porque eu não achei que era o momento*. Muita coisa aconteceu depois disso. Nós continuamos no mesmo esquema. Com altos e baixos... Eu vou te contar os últimos episódios pra você ver a que pé que a gente anda.

Na semana passada, o Rodrigo estava todo esquisito. Ele olhava pra mim e começava a rir. Mas assim, ele ria mesmo. Como se estivesse com o riso frouxo. Parecia meio malandro. Na segunda foi assim, na terça também. Ele vinha me abraçar, me beijar, me dar oi, e dava risada. Ele já vinha rindo me cumprimentar. Eu perguntava o que era e ele respondia: "eu estou apaixonado, Vanessa". Eu: "por quem?". Ele: "Por você, ué". Eu não engolia. Era como se ele estivesse planejando alguma coisa. E ele estava meio malandro, parecia que estava debochando. O Rodrigo se declara pra mim o tempo todo, mas nessa semana passada, a semana malandra, ele estava fazendo isso de um jeito... Malandrão. Eu perguntava: "E aí, Rodrigo, tudo bem com você?". Ele: "Tudo ótimo, Vanessa, tudo maravilhoso, porque eu estou apaixonado por você..." e ia longe. O Rodrigo também vive me olhando. Aí quando eu olho, ele me manda um beijo. Mas nessa semana, até isso ele estava fazendo de um jeito malandro. Eu não estava gostando daquilo.

Aí na terça à noite eu fui à psicóloga. E sabe que quando a gente vai a psicóloga, a gente fica bem resolvida por uns dias. Cheguei na quarta-feira indignada com ele. Quando ele entrou pra me dar oi, já entrou rindo. Eu levantei pra cumprimentar e ele disse, rindo: "aaaa Vanessa! Não era pra você levantar". Eu: "Mas por quê?". Ele: "Porque eu tinha uma surpresa pra você" e ria mais. Aí me enchi: "Rodrigo, pára! Eu não estou gostando desse teu jeito todo malandrão! Não gosto! E mais: esse teu tipo não me convence". Aí ele ficou sério porque viu que eu estava mesmo irritada. E disse: "Malandro? Mas eu não estou malandro". Eu: "Está sim! Você não pára de rir! Parece que está debochando". Ele: "Eu não estou debochando, Vá". Enfim. Aí a gente ficou quieto e eu perguntei: "por que não era pra eu levantar?". Ele: "Porque eu tinha uma surpresa pra você". Eu: "Pronto, estou sentada de novo. Pode me dar a surpresa". Ele: "Não, tem que ser de primeira. Amanhã eu faço". Eu: "E por que eu tenho que estar sentada?". Ele: "Pra não cair de susto". Eu: "Mmm... E eu vou gostar da surpresa?". Ele: "Vai". Eu: "Muito?". Ele: "Muito. Quer dizer, você pode não gostar também".

Sabe, Gaby, o Rodrigo não é do tipo que faz esse suspense todo e chega no outro dia com uma florzinha. Eu tinha certeza de que ele ia me dar um beijo. Fiquei super nervosa. Mas tentei não pensar tanto, não ficar programando reações. Deixei pra ver como eu reagiria na hora, pra ser espontâneo.

Ele sempre aparece no meu setor lá pelas duas da tarde, que é o horário que ele chega pra trabalhar. Nesse dia da surpresa, ele chegou às três. Provavelmente ficou se enrolando porque estava hesitando sobre o que ia fazer. Só sei que quando deu três da tarde, ele entrou no estúdio todo decidido. Eu fiquei só olhando ele chegar. Gaby, ele veio seco pra me dar um beijo. Mas na hora H, não teve coragem. E beijou do lado da minha boca. Mas assim, um beijão demorado e gostoso, sabe... Aí enrolou os braços no meu pescoço e escondeu o rosto no meu pescoço. Eu achei engraçado a covardia fofa dele. E perguntei: "O que foi Rodrigo?". Ele: "Nada não". Eu: "Cadê minha surpresa?". Ele: "Ah, era isso", se referindo ao beijo bem dado que ele me deu". Como eu vi que ele não queria falar muito do assunto, deixei quieto. Ele ficou ali, fazendo massagem em mim e me olhando.

Ele teve medo, Gaby, porque ele sabe, mesmo na ignorância galinha dele, que quando a gente se beijar, vai significar alguma coisa até pra ele. E o medo dele não é que, depois que ele me beijar, eu vá cobrar dele "agora que você me beijou, a gente vai ter que namorar, você vai ter que ser só meu". O medo dele é que ele queira ser só meu por livre e espontânea vontade.

Daí tá. Depois disso, ele tentou mais algumas vezes, mas não teve coragem.

Aí nessa sexta, dia 12 de novembro (só pra você se situar), ele estava um doce. Só que como eu já te contei, o Rodrigo às vezes tem crises. Tem dia que ele resolve que não quer mais sentir nada. Que ele quer voltar a ser só um cara galinha, sem gostar de mulher nenhuma. Numa dessas crises, ele já chegou a me chamar de irmãzinha. Eu sei, ridículo. Porque se tem uma coisa que nós nunca fomos é amigos. Nunca. Nada de "meu amigão Rodrigo". Nunca foi assim entre a gente. Aí nessa sexta, ele teve uma crise dessas. E quando ele tem isso, ele começa a querer me provar o quanto ele não presta. Aí ele me conta coisas sexuais cabeludas que ele já fez e profere frases machistas e cretinas.

Aí eu estava lá com ele e o Carlão, assistente administrativo. Antes de eu trabalhar lá na empresa, o Carlão era tipo o melhor amigo porcão do Rodrigo. Eles trocavam confidências sujas e conversavam coisas do tipo "nesse final de semana, comi Fulana" e "nooossa cara, que tesão! A Fulana que eu peguei era mó gostosa". Aí eu cheguei na empresa e o Rodrigo parou de dar tanta atenção para o Carlão e começou a dar mais atenção pra mim. Tipo, o Rodrigo passou a dedicar a maior parte do tempo pra mim, pra conversar comigo, pra ficar comigo, e deixava o Carlão totalmente de lado. E o Carlão por muito tempo teve raiva de mim por causa disso. Hoje ele gosta de mim, mas de vez em quando ainda me cutuca. Enfim. Aí estava eu lá no setor deles com o Rodrigo e o Carlão (eles trabalham na corregedoria e eu no recursos humanos), quando o celular do Rodrigo tocou. Ele: "atende pra mim, Vanessa, por favor e vê quem é". Eu olhei: "Não quero mais fazer isso, Rodrigo".

Pausa pra explicação: o Rodrigo come as gurias e depois elas ficam ligando pra ele, atrás dele desesperadas, só que daí ele não quer mais. Só quer comer e tchau. E por algum motivo, elas se apaixonam por ele. E uma vez ele pediu pra eu atender o celular dele porque era uma garota de quem ele estava fugindo. Eu atendi e, nossa, fiquei super sem jeito, me arrependi na hora. A garota ficou lá, achando que eu era namorada, sei lá, toda tímida e eu morrendo de vergonha, tentando ser simpática com a garota. Foi horrível. Eu desliguei e meti a boca no Rodrigo: "Nunca mais pede pra eu atender o seu celular! Os seus pepinos você resolve, não larga na minha mão! Nunca mais faz isso". Ele ficou todo perdido e essa foi a primeira vez que ele me pediu desculpas com todas as letras. Burra eu que atendi. Mas enfim.

Aí ta, a gente lá, ele pediu pra eu atender o celular, eu não quis e ele não atendeu. O Carlão nesse dia estava me cutucando, então já riu da minha cara quando eu falei que não queria mais fazer isso. Riu dando a entender "hahaha, a secretária do Rodrigo". Bom, aí deu um tempo, chegou uma msg no celular do Rodrigo. Ele olhou pra mim e fez cara de "ai", rindo. Eu perguntei o que foi e o Rodrigo leu em voz alta: "Na hora do bem bom, você é homem. Na hora que eu preciso de você, você some". Uma tal de Rebeca mandou pra ele. Eu revirei o olho, achando absurda a postura do Rodrigo. Ele: "Ah Vanessa! Comigo é assim". Eu argumentei com ele um tempo, dizendo que ser homem era bem mais do que aquilo e ele, no ápice da crise, disse que com ele era assim, que ele comia todas e não sei o que. Nessas alturas, o Carlão estava indo ao delírio, claro. O Rodrigo é o ídolo dele. O sonho dele é pegar mulher gostosa com o mesmo desprezo e na mesma quantidade que o Rodrigo pega.

Eu perguntei por que a garota tinha escrito aquilo e o Rodrigo disse, imitando uma criança choramingando: "Ai Rodrigo, você me comeu e agora não quer mais nada comigo. Ah! Por favor! Eu não sou psicólogo". Eu disse: "Tá, o que você falou pra essa garota pra ela estar atrás de você assim?". Ele: "Eu deixei tudo bem claro desde o começo. 'Ó, você quer me dar, beleza. Mas já aviso que eu não quero compromisso'. Comi e agora ela tá aí, choramingando, dizendo que eu sou insensível. Porra, tô errado?". Assim, Gaby, eu não vou defender a menina porque só fazem com a gente o que a gente deixa. E o Rodrigo é mesmo muito direto, ele faz questão de deixar bem claro o que ele pensa. Ele não tem vergonha de ser como ele é. Mas pô! Precisa ser tão porco assim?!

Fiquei super chateada. Então chamaram o Rodrigo, ele deu uma saída, e o Carlão, que estava indo ao delírio com a porquisse tão explícita do Rodrigo (e também porque o Carlão sabia que, com isso, o Rodrigo estava me decepcionando), disse: "O Rodrigo tinha que deixar bem claro pra essas mulheres que ele só quer comer o rabo delas". Olha isso. "Como ele quer fazer com a garota aqui da corregedoria". Eu: "Que garota?". Ele: "Ih, opa, falei demais", como se ele realmente tivesse deixado escapar. Mentiroso. O Carlão já mentiu várias vezes pra me deixar brava ou com ciúmes do Rodrigo. E eu e o Rodrigo sempre brigamos quando o Carlão faz isso. O Carlão adora ver a gente brigar. Mas ao mesmo tempo, pode ser que o Rodrigo esteja querendo dar um trato em alguma garota que trabalha lá na firma porque ele é porcão. É tipo 50% de chances pra cada coisa. Pode ser mentira do Carlão, como pode ser verdade. Aí quando o Rodrigo chegou, eu perguntei da garota. O Rodrigo disse que era mentira, meio rindo com o Carlão. Porque assim, o Carlão influencia o Rodrigo com muita facilidade quando ele está nessas crises de não querer sentir nada. Aí eu me irritei e saí.

Nesse dia eu ia embora de carona com o Rodrigo. Falei pra ele que ia esperar ele lá embaixo. E desci.

O Rodrigo chegou acompanhado de um amigo nosso, pra dar carona pra ele, com medo que de ficar sozinho comigo porque achou que eu ia estar brava. Mas como que eu ia ficar brava, Gaby? Eu não tenho nada com o Rodrigo. E não era eu quem ele tinha comido e largado na rua da amargura. Na verdade, o que acontece é que esse lado Jorge Tadeu Saddam Hussein do Rodrigo me assusta muito. Ele parece esse Dom Juan terrorista, que quer pisar nas mulheres e acabar com todas elas. Como se ele quisesse provar pra ele: "AÍ Ó, TÁ VENDO?! EU NÃO PRECISO DELAS! EU NÃO SINTO NADA, EU NÃO AMO NINGUÉM!". Ele chegou e perguntou pra mim: "Ta brava comigo?". Eu: "Não, ué". Aí eu fico quieta, não porque eu estou brava, mas porque eu estou pensando. Pensando nesse lado horroroso do Rodrigo. Ele chegou no carro já arrependido. Ele tem a crise e se arrepende. Aí ele quer me conquistar de novo. Fica todo cuidadoso, tentando me agradar, perguntando coisas.

Ai Gaby... que saco, viu. Eu gosto do Rodrigo, mas é nítido que não é pra ser. Eu estou morrendo de vontade de beijá-lo, mas o que eu faço com as 14 toneladas de insegurança que vou sentir depois do ato? Eu vou ficar paranóica pensando se ele vai me esnobar, se ele vai ter uma dessas crises de novo. Ai, eu estou pedindo ajuda pra Deus, porque eu sei que Ele não quer que eu fique com o Rodrigo. Quer dizer, ele é um doce, ele é lindo, ele é original... Eu gosto muito nele. Mas não dá! Eu não posso lidar com isso. Eu não posso estar com alguém que quer matar e destruir todas as mulheres do mundo. Tudo bem ser galinha, mas poxa, o mínimo de caráter. Gente, o mínimo!

Não sei, Gaby... Estou tão perdida. Eu cheguei em casa nessa sexta e caí no sofá de cansaço físico. Cansaço de me segurar perto dele, de querer beijá-lo e não poder, de ficar quebrando a cabeça, arrumando formas de me afastar dele, de lutar contra a minha vontade de voar no colo dele e mordê-lo inteiro, de me decepcionar com essas crises maléficas do Rodrigo. Eu estava completamente pregada. Eu não agüentei chegar na minha cama. Caí no sofá mesmo. E chorei. Chorei o que eu estava segurando por meses. Eu parecia aquelas loucas chorando. Quem visse, ia achar que eu ia estar tendo um enfarto. Eu chorei, chorei, chorei muito. Me derramei. Pedi socorro pra Deus porque eu gosto do Rodrigo, Gaby. E eu sei que ele gosta de mim. Eu vejo o quanto ele sofre também porque fica confuso, quer me beijar, mas sabe que não pode porque o que eu quero ele não pode me dar porque não está preparado. Porque a vida sentimental dele é muito imatura. A ponto de ele ter chiliques absurdos de ciúmes e nem se tocar que está sendo ridículo. Ele tem as demonstrações mais primárias do que está sentindo. É assim porque pra ele é novo. Ele não está com comportamentos automáticos, não possui vícios ainda, que a gente acaba pegando com o tempo, a medida que vai gostando de pessoas e tomando na cabeça.

Ai Gaby... Que saco, viu... Duzentas mulheres querendo dar pra ele e eu aqui, querendo casar virgem. É muito diferente. Não tem como ir pra frente. E como eu sofro...

Beijo, amiga.

Vanessa

 
quinta-feira, fevereiro 21, 2008
 
Querida Gaby...

Lendo o seu blog, quis contar o que aconteceu comigo há um tempo atrás, quando me apaixonei por alguém que não era pra mim.

Eu entrei onde trabalho hoje como estagiária. Eu estava no último ano da faculdade e ficava lá só de manhã. Chegava às seis e meia da manhã, pra ajudar a minha chefe e saía sempre 13h30. Uma das minhas tarefas era organizar uns relatórios do que foi feito pela equipe da manhã “para o Juliano”, a minha chefe dizia. Eu digitava no topo da página “PARA O JULIANO” e escrevia o que tinha que ser escrito e imprimia. Deixava o papel sobre uma mesa lá na redação pro tal Juliano pegar e ia pra casa.

Claro que eu perguntei quem era o Juliano, por curiosidade. “É o produtor da tarde”, minha chefe disse. Beleza.

Bom, como eu era uma moça muito muito esforçada, comecei a ficar o dia inteiro na empresa. Comecei a me encher de coisa pra fazer, me oferecer para outro monte de coisas, até que, quando eu vi, eu estava trabalhando até às 17h. E olha que o estágio era de graça.

Um dia estava na sala da Andressa, outra produtora, conversando com ela e mais um monte de mulher, dando muitas risadas. Estava meio que no horário do almoço, única parte do dia que eu tinha uma folguinha. De repente, entra na sala aquele cara.

Pareceu câmera lenta. Entrou aquele garoto alto (tinha 1,90), pele branquinha, boca desenhada, cabelo castanho claro bagunçado liso caindo nos olhos, corpo bonito, calça da M Officer desbotada e camiseta preta com uma bandeira da Alemanha no peito, a camiseta era curta e aparecia as laterais do corpo, todo largado, nem aí. Lindo. Ele entrou, cumprimentou todas as meninas e saiu. E me largou babando por aquele ar de mistério que ele tinha, de bomba relógio, de perigo.

Perguntei na hora, discretamente: “Quem é ele?”.

A Andressa: “Esse é o Juliano. Não conhecia? Ele pegou duas semanas de folga, voltou hoje. Ele é bem queridinho, sempre vem aqui cumprimentar”.

Decidi que eu tinha que me aproximar dele. Queria saber mais. O cara parecia ter saído de um seriado!

Bom, comecei a ajudar mais o pessoal do setor dele. Como quem não quer nada, fui falar com a minha chefe dizendo que eu queria aprender mais e ela disse exatamente o que eu queria ouvir: “Melissa, por que você não troca uma idéia com o Juliano? Ele é um bom produtor, vai te dar umas dicas boas. Começa a ficar lá a tarde, pra você acompanhar o trabalho”.

E foi o que eu comecei a fazer. Apareci um dia no setor dele e lá estava, sentado ao lado do telefone, trabalhando. Entrei, pedi licença e expliquei tudo. O Juliano foi super simpático, disse que eu podia ir lá quando eu quisesse, já puxou papo e foi me explicando as coisas. Ele era ainda mais lindo de perto. O olhar dele te engolia. Ele tinha uma coisa que eu não sei explicar.

Comecei a ir lá todos os dias. E a gente conversava muito.

Conhecendo o Juliano eu descobri que ele realmente era perigoso. Tinha 23 anos na época, fazia aniversário um dia antes que eu e tinha uma filha pequena chamada Juliana. Com 23 anos, ele já tinha uma filha pequena! Levei o maior susto, mas imaginei que havia um lado bom: quem tem filha daquela idade deveria ser responsável e maduro. Engano meu.

Ter uma filha não o constrangia nem um pouco. Tocava em uma banda de rock, era extremamente galinha e comia mulher em banheiro de boate, comia mulher desconhecida, comia duas mulheres ao mesmo tempo. Era totalmente destrambelhado, curtia uma cerveja, tinha perdido o pai muito cedo (ele adorava o pai) e a mãe dele era uma maloqueira bonitona que criou os filhos meio largados.

Apesar (ou por causa) do histórico, mulheres de todas as idades davam em cima do Juliano. Na empresa, todas se abriam pra ele. O Juliano atraía com a sua cara de bebezinho e seu jeito perigoso.

Eu não sei te dizer em que momento tudo aconteceu, mas nós grudamos. Durante dois meses que eu ia lá diariamente, a gente se aproximou muito. E de um jeito que nem eu esperava. No começo, ele me tratava como irmãzinha. Me contava todas as porcarias que fazia quando saía a noite. Eu gostava dele, mas tinha plena consciência de que não tinha a menor condição de eu alimentar qualquer coisa (o cara era muito sem vergonha).

Mas com o tempo tudo mudou. Ele começou a me tratar diferente.

Na empresa, nós estávamos sempre juntos. SEM-PRE. Na hora de ir embora também, eu ia com ele todos os dias de carro até um trecho do caminho. Logo a minha chefe e as colegas de trabalho começaram a perguntar se estávamos namorando. Eu dizia que não, falava que não tinha nada a ver, que éramos só amigos. O que não era mentira, era só isso mesmo.

Perguntavam pra ele também, mas o Juliano não se incomodava. Pelo contrário, adorava. Vinha me contar com um sorrisinho sem vergonha, olhando no meu olho:

- Melissa, sabe o que vieram me perguntar hoje?
- Claro que eu sei. Estão perguntando pra mim também.
- E o que você acha de namorar comigo, Mê?
Eu olhava pra ele com uma sobrancelha levantada e dizia:
- Vai cagar, Juliano.

Ele se matava de rir.

Aí com o tempo, a gente ficando mais junto, ele começou a fazer umas coisas esquisitas
Espalhou que a gente estava namorando. Um dia, chegou pra mim, com o mesmo sorrisinho sem vergonha:

- Melissa, sabe a Dona Amélia, que serve o café?
- Sei.
- Veio perguntar pra mim se a gente está namorando.
- Mmm.
- E eu falei que nós estamos. Falei que eu tinha te pedido em namoro e você tinha aceitado.
- Falou?? Juliano, ficou doido?
- Não. Ela gostou, disse que já suspeitava. Me abraçou e disse que a gente combina.
- Ai... Ela disse que a gente combina?
- Disse. Ah, mas isso eu já sabia.
- Vai cagar, Juliano.

Eu xingava ele, meio rindo, e ele adorava. Se matava de rir. E me abraçava.

O negócio foi piorando. As pessoas perguntavam pro Juliano sobre a gente e ele confirmava, dizia que era namoro mesmo. Aí eu falava que não era, ninguém acreditava. Sabe o que ele fazia? Ia me visitar no meu setor, olhava pra mim e me cumprimentava, com o mesmo sorrisinho. Todo mundo fazia aquele “ÉÉÉÉ, TÁ NAMORANDO”. Eu fazia cara de ai-me-poupe e o Juliano com o mesmo sorrisinho pra mim, dava uma piscadinha, mandava um beijinho e saía, dizendo “Tchau, meu amor”. Eu nem tentava consertar.

Eu fazia caretas porque não poderia demonstrar que gostava dele. Se o Juliano sequer imaginasse como eu estava apaixonada por ele, com certeza me comeria viva! Sabendo dos meus sentimentos, ele poderia fazer o que quisesse. Eu não podia deixar, precisava me proteger.

E a gente cada vez mais junto.

Ele me tratava agora ainda mais diferente: com todo o cuidado, como se eu fosse de porcelana. Eu faltava ou tirava folga, ele me ligava no celular. Sempre. Pra saber onde eu estava, com quem eu estava... Uma vez, minha chefe me deu um dia de folga porque eu tinha feito umas horas extras. Aproveitei pra sair com uma amiga. E enquanto eu contava sobre o Juliano, de como as coisas estavam diferentes, que ele parecia se importar demais comigo, ele ligou no meu celular. A minha amiga não acreditou.

- Cadê você, Melissa.
- Oi Juliano. Estou de folga hoje.
- Mmm. E onde você está?
- Estou com uma amiga.
- Quem mais.
- Só a minha amiga.
- Estou com saudades de você, Melissa.
- Está nada.
- Estou sim.
- Não se preocupe, a gente vai se ver essa semana.
- Você sabe que eu te amo.
- Vai cagar, Juliano.

Ele dava uma gargalhada:

- É verdade, Melissa. Não tem a menor graça sem você aqui.
- Acostuma a estar sempre junto, não é.
- É.
- Mas então tá, eu tenho que ir.
- Eu te amo, tá?
- Eu também te amo. Beijos.

A minha amiga me olhava de olho arregalado.

Eu não levava o Juliano a sério. Não tinha como levar. Ele continuava comendo tudo o que era mulher que eu bem sabia. Tudo bem que ele não me contava mais as coisas, mas eu sabia que ele ainda era galinha.

E a coisa foi piorando. A gente saía sempre, mas claro, só programas diurnos. Ele me levava numa confeitaria bem gostosa perto da empresa, íamos passear no shopping depois do trabalho, eu ia comprar coisas com ele. Nós conversávamos muito. E puxa... Ele era tão carinhoso comigo. Tão gentil. Me dava presentinhos bobos, me levava no médico quando eu tinha consulta, me chamava de “pequena”.

Uma tarde ele entrou na minha sala e, como sempre, olhou pra mim com um sorrisinho sem vergonha e me cumprimentou, como se não tivesse ninguém mais por perto. As meninas começaram a tirar com a minha cara (elas não se cansavam), dar risadinhas e fazer piadinhas, e o Juliano fez algo que eu não acreditei. Falou:

- Bom meninas, eu queria oficializar pra vocês que eu e a Mê estamos mesmo namorando. Ela é o amor da minha vida.

Eu olhei pra ele e disse: “cala a boca, Juliano!”.

As meninas aplaudiram. E ele só rindo pra mim dizendo:

- Eu te amo, Melissa. Você é meu amor! – bem alto. A sala quase veio a baixo com os gritos das meninas.

E a nossa “amizade” virou assunto. Todo mundo comentava.

Vinham perguntar pra mim, eu dizia que não estava namorando com ele mas ninguém acreditava. Eu dizia “gente, o Juliano está só brincando, a gente não tem nada”. As pessoas diziam “ahan, sei... Vocês não se desgrudam! Não vem com esse papinho”.

Eu desisti. Nem falava mais nada.

A coisa foi ficando mais séria. O Juliano vivia agarrado em mim, abraçado, dizendo que me amava, me olhando com cara de bobo. Eu já estava com roupas dele. Casacos, moletons... Ele me emprestava pra eu levar pra casa em dias de frio. Levou o melhor amigo dele lá na firma me conhecer. O cara era do mesmo estilo dele, largado-bonitinho, só que menos bonitinho.

- Então você é a Melissa? – o amigo dele disse pra mim, rindo.
- Ahm, sou eu.

Saímos da empresa naquele dia e fomos prum boteco do centro tomar cerveja. Quer dizer, eles na cerveja, eu no suco de laranja. O Juliano me tratou como namorada. Segurou a minha mão embaixo da mesa e foi muito gentil. Eu estava me sentindo estranha, porque era sem hesitar uma situação de avaliação, mas não me deixei abater. Falei um monte e o cara riu pra caramba comigo.

Bom, a gente levava vida de namorado. Brigava bastante também, só não beijava.

O clima entre a gente estava cada vez mais forte. Um sábado a noite, quando eu estava me arrumando para sair, o meu celular tocou. Era ele. Meu coração disparou. Ele nunca tinha me ligado num sábado a noite.

- Juliano? Oi.
- Oi Mê. Em quinze minutos eu estou aí. A gente vai sair. Se arruma e desce. Beijos.

E desligou.

Ele parecia todo decidido no telefone. Como se quisesse resolver algo.

Coloquei uma roupa mais bonitinha e desci.

Ele estava no carro, me esperando. Eu estava MUITO nervosa. Morrendo de medo que ele quisesse só ficar, me agarrar e tchau, tirar uma cisma.. Sei lá. Não queria que ele me magoasse.

Entrei no carro mentalizando o seguinte “calma, é só o Juliano, o seu amigo. Vocês se dão super bem, não tem o que temer. Ele te respeita sim. Aja normalmente. Não é um encontro”.

Fiquei mais tranqüila e entrei no carro conversando normal. O Juliano estava mais quieto, só me ouvindo falar. Depois de umas piadinhas que eu fiz, voltou a ficar quieto. Só eu falava.

No lugar (fomos num barzinho cultural bem gostoso) o Juliano estava mudo. Parecia... Inseguro. Meu, eu não entendi nada, nunca tinha visto ele daquele jeito. Parecia um menininho apavorado. Não deixei me abalar, continuei normal, puxando assunto, conversando. Ele me olhava, sorria, mas estava totalmente amedrontado.

Ficamos lá até tardinho e fomos embora. O caminho inteiro fui pensando no que eu ia fazer quando ele parasse aquele bendito carro na frente do meu prédio. A minha barriga doía, eu estava com vontade de vomitar o que eu tinha comido, super nervosa. Eu tinha medo de dar a entender qualquer coisa errada, medo de ele pensar que eu queria que ele me beijasse só porque a gente saiu, que ele tentasse me agarrar de um jeito horrível, galinha, que me magoasse.

O carro parou. Eu disse “foi muito legal, Juliano. Não foi?”. Ele fez que sim com a cabeça, olhando pra mim, com aquela cara de quem está tomando coragem. Entrei em pânico. Falei “bom, acho melhor eu indo. Tchau, Juliano, obrigada”, dei um beijinho nele e saí correndo, fugida mesmo. Cheguei em casa e corri pro banheiro.

Na segunda, ele veio me dar oi com a maior cara de apaixonado. Eu também, né, toda suspirando. Ele perguntou como tinha sido meu final de semana. Eu falei “foi bom. A gente saiu”. O Juliano sorriu todo carinhoso.

Num dos dias que ele me deu carona, dei tchau pra ele e, quando eu desci, ele disse pela janela, já com o carro ligado:

- Melissa, amanhã eu vou fazer uma surpresa pra você.
- Surpresa?
- É. Não passa de amanhã.
- Olha lá o que você vai fazer, Juliano. O que que é? Eu vou gostar?
- Vai. Acho que vai. Quer dizer, não sei.

Eu sabia o que era. Era um beijo. Mas ele não ia ter coragem.

No dia seguinte, eu estava na minha sala sozinha, quando ele apareceu na porta. Ele me olhou sério e tomou coragem. Veio andando na minha direção, decidido, eu só olhando. Chegou em mim e... Não conseguiu, me beijou no canto da boca. Então escondeu o rosto no meu pescoço e disse “droga, eu não consigo!”, com voz de choro. Eu ri e passei a mão pelo cabelo dele. Eu sabia que ele não ia conseguir.

Na época, o diretor da empresa, nosso chefe, chamou o Juliano na sala dele. Deu uma bronca nele porque ele não saía da minha sala. “Não dá, Juliano, você tem que ficar no seu setor! Você não sai lá da sala da Melissa. Conversa com ela depois do trabalho, mas na hora do expediente você tem que cuidar do seu trabalho”. Sabe o que o Juliano respondeu: “Sabe o que é, Armando? Eu estou apaixonado pela Melissa. Não consigo mais ficar longe dela”. O diretor riu, achou bonitinho, e disse só pra ele maneirar as visitas.

Eu estava preocupada, sabia que ele tinha sido chamado na sala do Armando. Quando saiu de lá, o Juliano foi me ver. Chegou rindo com o Zé.

- Não era nada demais? – eu perguntei.
- Ele me deu uma bronca porque eu estou vindo muito aqui te ver e estou largando o meu trabalho.
- E aí?
- Aí eu disse que não conseguia mais ficar longe de você. Que estava apaixonado.

Eu ri, né. Lógico que não acreditei.

- Ai Juliano, me poupe a beleza.
- Verdade. Foi o que eu disse.

Como acabou essa história? Bom, o Juliano começou a querer me falar do que sentia, eu percebia que ele não agüentava mais aquela situação. Fazia milhões de convites pra sair. E me deixava arrumada esperando em casa. Me deu um monte de bolos. Medo puro. Ele quem me convidava! E me deixava plantada. Como se na última hora, se arrependesse. Na sétima ou oitava vez que ele fez isso, eu fiquei realmente brava. E meio que dei um gelo nele. Devolvi as roupas dele que estavam comigo e fiquei na minha. Parei de ir atrás.

Já era época de Natal. Dois dias depois, eu tirei 5 dias de folga. Quando voltei, o Juliano não trabalhava mais lá. Depois disso, nunca mais o vi. Como eu sofri.

Ele mandou um amigo dele me ligar um ano depois... Mas eu não dei corda.

No começo desse ano, o Zé, que sempre estava com a gente, veio me contar que o Juliano estava na Austrália estudando e que ele queria muito conversar comigo, queria meu msn. Cinco anos depois, gente. Desconversei.

Aí semana passada, o Zé sentou conversar comigo.

- Melissa, agora que já passou tanto tempo, que não tem mais nada a ver... Eu preciso te contar.
- O que?
- O Juliano era completamente apaixonado por você.
- É mesmo?
- Melissa, ele queria muito te contar o que sentia. Mas morria de medo. Eu queria ajudar o cara, mas o Juliano não saía da pose de machão, não admitia que queria namorar você. O único dia que ele soltou mesmo foi uma vez que nós fomos jogar sinuca, só eu e ele, tomamos umas cervejas e o cara começou a desabafar. Disse que nunca tinha conhecido ninguém como você, que te achava linda, que você era pra casar...
- Caracas, Zé.
- Ele dizia assim “Zé, com a Melissa eu caso. Eu quero casar com ela, cara. A Melissa não é qualquer mulher, ela é especial. É diferente. Quero casar com a Melissa, cara, quero mesmo”.

Eu fiquei passada, né. O Zé continuou:

- Pena que ele era tão frouxo, Melissa. Ele morria de medo de você. Não tinha idéia de como agir ao seu lado. Sabe o que ele fazia? Vinha com uns papos de que um amigo dele que sempre foi filho da puta estava completamente apaixonado por uma menina, mas como sempre tinha sido filho da puta e nunca tinha gostado de ninguém, não sabia o que fazer. No final, ele perguntava se eu achava que esse amigo dele devia conversar com a menina.
- E você dizia o que?
- Que sim, que ele devia falar.
- Caracas... Que engraçado.
- O Juliano só falava de você, Melissa. O dia inteiro. Pra você ter uma idéia, ele parou de dar moral pra mulherada aqui da empresa por tua causa. Um dia, uma lá que sempre dava em cima dele foi convidar ele pra sair, sabe o que ele fez?
- O que?
- Ele disse “Some daqui, piolhenta”. Me matei de rir. Eu vi ele fazendo isso! E a guria não era feia não. Ele tinha medo que alguém visse, te falasse alguma coisa e você ficasse pensando coisa errada, que não tinha a ver. Ele era louco por você, Melissa.
- Nossa...
- Pra você ver... E aquele dia do Armando, que chamou ele na sala dele e o Juliano disse que não conseguia ficar longe de você e tal, é verdade. Ele falou mesmo aquilo pro chefe.

É mole?

Até hoje eu lembro dele com carinho.

Três anos depois, eu conheci o Felipe. Lindo. E com caráter. Cheio de defeitos, mas meu amor. Ele sim soube me amar. Foi homem o suficiente pra vir e dizer o que sentia. Pra dizer que não conseguia parar de pensar em mim e que queria namorar comigo.

Mas essa história eu conto outra hora.

Pra você ver, essas coisas realmente acontecem...

Melissa

..:*:..:*:..:*:..:*:..:*:..

Melissa...

Fico feliz que tenha encontrado alguém pra você. Às vezes, uma cara de bebê e uma história de amor escondem alguém sem caráter, incapaz de nos fazer feliz. Espero que o Juliano tenha aprendido que mulheres são seres humanos e não coisas. E, como você, tenha encontrado alguém especial. Beijo pra você.
 
Em 100% das vezes em que perguntam meu nome e eu digo que é Gabriela, ouço um “Gabriela? Cravo e canela?”, seguido de uma risada. E todas estas pessoas realmente acreditam que a piadinha é super original. Se eu te chamar de jaguara é porque gosto de você. Jesus é tudo pra mim.

Nome:
Local: Brazil

Anos se passaram, Gaby é jornalista formada, locutora de rádio, e continua molhando o pão no Nescau. Sou adepta do regime eterno, ainda tenho problemas sérios para comer de palitinho e fico levemente ofendida com a careta que as pessoas fazem quando eu conto que tenho um gato e ele se chama Xaninho. “Xaninho?? Que nome é esse?”. Um dos meus hobbies é gente esquisita. Eu adoro prestar atenção na história delas. Tenho medo do orkut. E de mariposas peludas. Ui. Eu costumo sonhar com pessoas famosas. Já sonhei que o Eminem vendia perfumes, que o Keanu Reeves estudava comigo e pegava um ônibus chamado “Vila Adidas” para voltar pra casa e que o Bon Jovi era meu melhor amigo. Eu gosto muito de torta de limão.

Arquivos
09/23/2001 - 09/30/2001 / 09/30/2001 - 10/07/2001 / 10/07/2001 - 10/14/2001 / 10/14/2001 - 10/21/2001 / 10/21/2001 - 10/28/2001 / 11/04/2001 - 11/11/2001 / 11/11/2001 - 11/18/2001 / 11/18/2001 - 11/25/2001 / 11/25/2001 - 12/02/2001 / 12/02/2001 - 12/09/2001 / 12/16/2001 - 12/23/2001 / 12/23/2001 - 12/30/2001 / 12/30/2001 - 01/06/2002 / 01/06/2002 - 01/13/2002 / 01/13/2002 - 01/20/2002 / 01/20/2002 - 01/27/2002 / 01/27/2002 - 02/03/2002 / 02/03/2002 - 02/10/2002 / 02/10/2002 - 02/17/2002 / 02/17/2002 - 02/24/2002 / 02/24/2002 - 03/03/2002 / 03/03/2002 - 03/10/2002 / 03/17/2002 - 03/24/2002 / 03/24/2002 - 03/31/2002 / 03/31/2002 - 04/07/2002 / 04/14/2002 - 04/21/2002 / 04/21/2002 - 04/28/2002 / 04/28/2002 - 05/05/2002 / 05/05/2002 - 05/12/2002 / 05/12/2002 - 05/19/2002 / 05/26/2002 - 06/02/2002 / 06/02/2002 - 06/09/2002 / 06/09/2002 - 06/16/2002 / 06/23/2002 - 06/30/2002 / 06/30/2002 - 07/07/2002 / 07/21/2002 - 07/28/2002 / 07/28/2002 - 08/04/2002 / 08/04/2002 - 08/11/2002 / 08/18/2002 - 08/25/2002 / 08/25/2002 - 09/01/2002 / 09/01/2002 - 09/08/2002 / 09/08/2002 - 09/15/2002 / 09/15/2002 - 09/22/2002 / 09/22/2002 - 09/29/2002 / 09/29/2002 - 10/06/2002 / 10/06/2002 - 10/13/2002 / 10/13/2002 - 10/20/2002 / 10/20/2002 - 10/27/2002 / 10/27/2002 - 11/03/2002 / 11/03/2002 - 11/10/2002 / 11/10/2002 - 11/17/2002 / 11/24/2002 - 12/01/2002 / 12/01/2002 - 12/08/2002 / 12/08/2002 - 12/15/2002 / 12/15/2002 - 12/22/2002 / 12/22/2002 - 12/29/2002 / 12/29/2002 - 01/05/2003 / 01/05/2003 - 01/12/2003 / 01/12/2003 - 01/19/2003 / 01/19/2003 - 01/26/2003 / 01/26/2003 - 02/02/2003 / 02/02/2003 - 02/09/2003 / 02/09/2003 - 02/16/2003 / 02/16/2003 - 02/23/2003 / 02/23/2003 - 03/02/2003 / 03/02/2003 - 03/09/2003 / 03/09/2003 - 03/16/2003 / 03/16/2003 - 03/23/2003 / 03/23/2003 - 03/30/2003 / 03/30/2003 - 04/06/2003 / 04/06/2003 - 04/13/2003 / 04/20/2003 - 04/27/2003 / 04/27/2003 - 05/04/2003 / 05/04/2003 - 05/11/2003 / 05/18/2003 - 05/25/2003 / 06/01/2003 - 06/08/2003 / 06/08/2003 - 06/15/2003 / 06/15/2003 - 06/22/2003 / 06/22/2003 - 06/29/2003 / 06/29/2003 - 07/06/2003 / 07/06/2003 - 07/13/2003 / 07/13/2003 - 07/20/2003 / 07/20/2003 - 07/27/2003 / 07/27/2003 - 08/03/2003 / 08/03/2003 - 08/10/2003 / 08/10/2003 - 08/17/2003 / 08/17/2003 - 08/24/2003 / 08/24/2003 - 08/31/2003 / 09/07/2003 - 09/14/2003 / 09/14/2003 - 09/21/2003 / 09/21/2003 - 09/28/2003 / 09/28/2003 - 10/05/2003 / 10/12/2003 - 10/19/2003 / 10/26/2003 - 11/02/2003 / 11/09/2003 - 11/16/2003 / 11/16/2003 - 11/23/2003 / 11/23/2003 - 11/30/2003 / 11/30/2003 - 12/07/2003 / 12/14/2003 - 12/21/2003 / 12/28/2003 - 01/04/2004 / 01/04/2004 - 01/11/2004 / 01/18/2004 - 01/25/2004 / 01/25/2004 - 02/01/2004 / 02/08/2004 - 02/15/2004 / 02/22/2004 - 02/29/2004 / 03/07/2004 - 03/14/2004 / 03/14/2004 - 03/21/2004 / 03/21/2004 - 03/28/2004 / 04/18/2004 - 04/25/2004 / 04/25/2004 - 05/02/2004 / 05/02/2004 - 05/09/2004 / 05/23/2004 - 05/30/2004 / 06/06/2004 - 06/13/2004 / 06/13/2004 - 06/20/2004 / 06/20/2004 - 06/27/2004 / 06/27/2004 - 07/04/2004 / 07/04/2004 - 07/11/2004 / 07/11/2004 - 07/18/2004 / 07/25/2004 - 08/01/2004 / 08/01/2004 - 08/08/2004 / 08/15/2004 - 08/22/2004 / 08/29/2004 - 09/05/2004 / 09/12/2004 - 09/19/2004 / 09/19/2004 - 09/26/2004 / 09/26/2004 - 10/03/2004 / 10/10/2004 - 10/17/2004 / 10/24/2004 - 10/31/2004 / 11/07/2004 - 11/14/2004 / 11/21/2004 - 11/28/2004 / 11/28/2004 - 12/05/2004 / 12/05/2004 - 12/12/2004 / 12/26/2004 - 01/02/2005 / 01/09/2005 - 01/16/2005 / 01/16/2005 - 01/23/2005 / 01/23/2005 - 01/30/2005 / 01/30/2005 - 02/06/2005 / 02/06/2005 - 02/13/2005 / 03/06/2005 - 03/13/2005 / 03/13/2005 - 03/20/2005 / 03/20/2005 - 03/27/2005 / 03/27/2005 - 04/03/2005 / 04/03/2005 - 04/10/2005 / 05/01/2005 - 05/08/2005 / 05/08/2005 - 05/15/2005 / 05/15/2005 - 05/22/2005 / 05/22/2005 - 05/29/2005 / 06/05/2005 - 06/12/2005 / 06/19/2005 - 06/26/2005 / 07/03/2005 - 07/10/2005 / 07/17/2005 - 07/24/2005 / 07/31/2005 - 08/07/2005 / 09/04/2005 - 09/11/2005 / 09/25/2005 - 10/02/2005 / 10/02/2005 - 10/09/2005 / 10/16/2005 - 10/23/2005 / 10/23/2005 - 10/30/2005 / 11/06/2005 - 11/13/2005 / 11/13/2005 - 11/20/2005 / 12/18/2005 - 12/25/2005 / 12/25/2005 - 01/01/2006 / 01/01/2006 - 01/08/2006 / 01/22/2006 - 01/29/2006 / 02/05/2006 - 02/12/2006 / 02/12/2006 - 02/19/2006 / 03/19/2006 - 03/26/2006 / 04/02/2006 - 04/09/2006 / 04/16/2006 - 04/23/2006 / 04/23/2006 - 04/30/2006 / 05/14/2006 - 05/21/2006 / 05/21/2006 - 05/28/2006 / 06/04/2006 - 06/11/2006 / 06/11/2006 - 06/18/2006 / 07/23/2006 - 07/30/2006 / 08/27/2006 - 09/03/2006 / 11/12/2006 - 11/19/2006 / 01/14/2007 - 01/21/2007 / 01/21/2007 - 01/28/2007 / 01/28/2007 - 02/04/2007 / 02/04/2007 - 02/11/2007 / 02/25/2007 - 03/04/2007 / 04/01/2007 - 04/08/2007 / 06/24/2007 - 07/01/2007 / 09/16/2007 - 09/23/2007 / 11/04/2007 - 11/11/2007 / 11/11/2007 - 11/18/2007 / 12/23/2007 - 12/30/2007 / 01/06/2008 - 01/13/2008 / 01/27/2008 - 02/03/2008 / 02/17/2008 - 02/24/2008 / 02/24/2008 - 03/02/2008 / 03/09/2008 - 03/16/2008 / 03/23/2008 - 03/30/2008 / 03/30/2008 - 04/06/2008 / 09/14/2008 - 09/21/2008 / 12/14/2008 - 12/21/2008 / 06/14/2009 - 06/21/2009 / 06/21/2009 - 06/28/2009 / 07/26/2009 - 08/02/2009 / 09/13/2009 - 09/20/2009 / 10/18/2009 - 10/25/2009 / 03/28/2010 - 04/04/2010 / 04/11/2010 - 04/18/2010 / 04/25/2010 - 05/02/2010 / 05/09/2010 - 05/16/2010 / 05/30/2010 - 06/06/2010 / 06/13/2010 - 06/20/2010 / 08/01/2010 - 08/08/2010 / 06/05/2011 - 06/12/2011 /


Powered by Blogger

Assinar
Postagens [Atom]