boa noite, meu nome é Gabriela e há coisas em mim que estão me fazendo definhar em angústia. me dá náuseas contemplar o meu caráter e ver como eu me habituei em ser impaciente com quem comete os mesmos erros sempre perto de mim, enquanto sou muito simpática com absolutamente qualquer estranho a quem sou apresentada.
é impressionante como as opiniões sobre mim se dividem entre as pessoas que me conhecem profundamente. meus amigos me adoram. pessoas na minha família estão um poucos cansadas da minha soberba e dureza de coração. quais das duas será que eu sou?
quando alguém está doente ou estressado e dá patadas nas pessoas, se justifica dizendo "desculpe, é que hoje eu estou um pouco isso e aquilo". eu conheci um homem inteligente que disse uma vez que, na verdade, nestes dias é que as pessoas estão mais desinibidas para mostrarem o que realmente são.
então, quais das duas sou eu?
continuo na luta para ser real. ser de verdade. não apenas ser mais uma que sabe as regras do jogo, que sabe se portar em sociedade, que sabe sorrir na hora certa e como tratar um mendigo na frente do colega da igreja. eu quero ser. SER. há um poder nessa palavra, uma intensidade.
ser. eu quero ser.
ah Senhor Jesus, me faz parecida contigo.
eu tenho um sonho. eu odeio romantizar sobre ele. ficar suspirando enquanto penso nele. porque quando faço isso, é como se eu tivesse deixando ele mais impossível. colocando-o num patamar de utopia. como se para ele se realizar dependesse da minha opinião a respeito dele e não dos eventos da vida. da realidade. das oportunidades.
mas na verdade, os sonhos impossíveis não me incomodam. porque eu sei que até eles são realizáveis.