odeio quando o cabelo fica seboso por causa do vento. porque normalmente, quando isso acontece, você está em plena vivência do seu dia. está indo pro trabalho ou indo para algum lugar fazer matéria (no caso dos jornalistas), ou está apenas indo ou voltando do almoço, o que quer dizer que ainda tem um dia inteirinho pela frente.
aí você fica lá, tentando de milhares de formas fazer penteados estratégicos que escondam, ou pelo menos disfarcem, a sebozice do seus cabelos. e claro, fica amaldiçoando as benditas forças da natureza porque você tinha lavado os fios com tanto amor no dia anterior! ainda mais você que tem cabelos enrolados, aí dá o dobro de trabalho no período pós-banho. (não como é como essas lisas que têm por aí que lavam, secam com a toalha, dão uma leve batidinha e pronto, estão arrumadas tanto para ir ao cinema quanto para dançarem em um baile.)
e o mais bizarro é que, quando o cabelo está seboso de pegar vento, ele fica grudento na raiz e cheirando creme nas pontas (afinal, você lavou o dito cujo no dia anterior). então tem que esconder os fios em um rabo de cavalo. normalmente nesses dias você não trouxe nada para amarrar o cabelo. até pede emprestado para uma colega, mas aí ela olha pro seu cabelo, olha pro rabicó dela, faz uma cara de nojo... nessas alturas você já disse "tudo bem, não precisa", e fica lá, tentando inventar algum coque que segure-se por si só. nesses dias, o horário de trabalho parece que se estende por 6 anos. só depois de seis anos você consegue ir pra casa e lavar o cabelo (de novo). tempinho de outono xexelento. mulher sofre, viu.
depois de muito suor e lágrimas, você conseguiu alguns resultados importantes na sua missão de largar essa vida de afobada-grudinho. você descobriu que tem um potencial para ser mais controlada. aliás, você descobriu que todos têm capacidade para tanto. e descobriu mais com esse negócio de pensar antes de se afobar e sair tento iniciativas: amor é muito mais ação do que sentimento. "O amor não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não se alegra com a injustiça, mas sim com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta" - I Coríntios 13:5 a 7. todas ações. nenhum sentimento. isso quer dizer que, se eu estou com raiva (sentimento), se estou magoada (sentimento), se estou irritada (sentimento), não vou destratar quem eu amo (ação). porque eu quero estar com ele (opção), mas preciso encontrar um jeito de conversar sem me deixar levar por sentimentos. afinal, estar com raiva não me dá o direito de ser cruel, certo? quem nunca leu isso em um daqueles textos supostamente escritos pelo Shakespeare, enviados por e-mail.