tudo isso, na verdade, começou depois que eu conheci um certo rapaz. toda esta vontade de ser melhor, é claro, tinha que envolver um amor. mas sabe, eu não dou a mínima em ser clichê, desde que este sentimento acrescente. meu Deus, precisa edificar. se alguém, com quem você trocou beijos na boca, passou pela sua vida e não causou nenhum tipo de mudança... sinceramente, eu nem acho que isso é possível! marcas ficam, a não ser que você seja feito de telha. o que foi dito, demonstrado, tudo colabora para o que você passará a ser.
enfim.
o negócio é que, no meu caso, o amor não passou. continua vivinho e latejante. portanto, vamos a parte prática. o negócio aqui é meio urgente. momento de revisar tudo o que acreditei até aqui (que eu sabia tudo e que era imune a carências afetivas, por exemplo). afinal, para fazer alguém feliz, você precisa estar em dia com os seus sentimentos, precisa estar psicologicamente saudável. e, sabe, eu não estou. pelo menos, não estava. não estava porque, juro, já percebi mudanças. por isso, vou recorrer ao tempo passado para relatar o impasse.
a verdade é que eu estava impregnada pelos meus pais. olha lá eu me justificando em casa e, enquanto falo, posiciono os meus dedinhos da mão do lado esquerdo do rosto, meio que na bochecha meio que no canto da boca, IGUALZINHO meu pai faz. ou, durante uma discussão familiar, faço aquele mesmo olhar de reprovação-misturado-com-nojinho, IDÊNTICA a minha mãe.
você acha que as intoxicações param por aí? de jeito nenhum. é mais profundo, vai lá no âmago, contamina os meus comportamentos.
tudo bem, sem conversa fiada, vamos a parte prática.
a questão é que o meu amor, aquele certo rapaz, anda desfrutando da minha versão shampoo 2 em 1 (pai e mãe em mim) como quem toma um suco de couve-flor asiática. blé. citar momentos para ilustrar? ahm, ok, deixe-me pensar. ah, já lembrei de um. na hora de discordar sobre algo geral, como política, visões bíblicas etc, rola uma tendência da minha parte em desprezar, de forma baixa e prepotente, o pensamento do outro. no primeiro diálogo deste tipo, o outro engole. no segundo, se irrita porque não quer ser anulado. no terceiro, me manda ir cagar. tosco.
no começo, a gente ama a qualquer custo. depois, é como se tivéssemos contas a acertar com o amado. fogo.
eu me sinto meio repetitiva experenciando isso tudo porque não é a primeira vez que eu me pego recorrendo às personalidades dos meus pais para reagir aos eventos da vida. só que agora ou vai ou racha porque, aloooou, eu estou perdendo um grande amor aqui!
eu não tenho a menor idéia do que devo fazer. em contrapartida, tenho uma noção bastante abrangente do que eu NÃO devo. mas sabe, esse chute na bunda que eu levei da vida (quando me toquei de que a minha identidade secreta é a Dona Florinda, do Chaves) já está gerando transformação de caráter. afinal, são dores que purificam.
eu estou otimista. acho que consigo reconquistar meu brotinho. ai que saudades dele.