usei meu vestido japonês. aqueles de gola, estampas de dragão, fendas nas laterais até o meio das coxas. estilão meio Chun Li, do Street Fighter. todo mundo já viu um vestido desse. se você ainda não se orientou, no filme Panteras Detonando (se não me engano, eu não assisti, me contaram), aparece a Lucy Liu usando um assim. contei que comprei um desse? quando eu revelar as fotos, coloco aqui pra vocês verem. então, usei. cheguei no casamento jurando que estava abafando. quando fui sentar, comecei a sentir o impacto cruel do desconforto. sentar nunca foi tão impossível. o negócio era tão ajustado no corpo que o simples ato de se dobrar e depositar a bunda em uma superfície lisa se tornou missão para o Magyver (lê-se Magáiver. lembram dele?). passei a cerimônia no aperto porque para melhorar, quando eu finalmente consegui sentar, a aba de trás deu aquele caimento do vestido e eu fiquei com a parte de trás da coxa toda de fora. foi o caos! como o vestido tem uma fenda em cada uma das laterais, meio que fica uma aba na frente e outra atrás.
aí tá, saímos da igreja. como se nada no mundo pudesse ficar pior, deu uma ventania. nessa eu achei que fosse ficar como vim ao mundo. a aba de trás voou, a da frente também, e foi a cena patética. deixei a Marylin Moroe no chinelinho.
beleza. fui pro baile do casamento. chiquérrimo. uma concentração de docinhos bizarros, daqueles que você só vê em filme de navio e coisas luxuosas... lindos. cheguei pra jantar. não consegui sentar de novo e, pra dar aquele arremate, não consegui comer tão bem. o vestido era tão justo que a comida descia fazendo o contorno dos dragões dourados estampados na roupa. mas tudo bem, logo achei um jeito de me entrochar e não deixar de ser elegante.
pra dançar é que foi tenso. eu parecia uma minhoca em pé no meio da pista. todo mundo jogando braço e perna pro ar e a Gaby totalmente baguete, economizando gestos e membros ao máximo.
é claro que em um determinado momento, eu esqueci da sobriedade que aquela vestimenta exigia e fui me abaixar pra pegar um treco no chão. eu só ouvi aquele "RASG!". uma das fendas abriu um pouquinho mais, como se ela já não estivesse aberta o suficiente.
no final, fui pra casa com um lema: a beleza dói. dói e imobiliza. agora eu entendo porque as mulheres do Japão são tão reservadas. elas não têm opção.