O azedume do ambiente de trabalho às vezes me deixa intrigada. Como tem gente azeda naquele complexo de comunicação. Gente com saúde, andando, respirando sem a ajuda de aparelhos, sem nenhum membro do corpo amputado, talvez meio feios, outros não tão bonitos, mas com muita saúde, salários, um lugar pra chamar de seu, todos os dentes no lugar, roupas de verão para usar no verão, roupas de inverno para usar no inverno... Mas não, isso tudo não parece o suficiente. Tudo bem, não precisa ser, mas poderia, pelo menos, ser motivo de animação. Vou mais longe: poderia ser, no mínimo, a razão para simplesmente não açoitar os transeuntes, colegas de trabalho, que volta e meia topam com essas pessoas pelos caminhos do emprego. Poxa, custa facilitar a política de convivência? Gente, que azedume. Eu poderia citar, sem pensar, sem gaguejar e sem falar "éééé, deixa eu vêêê, quem mais..." o nome de umas sete ou oito pessoas azedas que trabalham comigo e que empatam o progresso da harmoniosa coexistência entre funcionários. Pô, nós precisamos coexistir! Não há nada que ninguém lá dentro possa fazer a respeito! Então já que é assim, custa aplicar a política da boa vizinhança nas relações empregatícias? Vai fazer cair o braço? Vai fazer decepar algum cotovelo? Vai fazer dar ardência, azia, gastrite ou queimação? Não! Vou te falar uma coisa, viu... Quanta gente infeliz. O motorista hoje estava até conversando comigo sobre isso, quando estava me levando para fazer uma matéria em um bairro longe pra burro... "Sabe o que é isso, Gaby? Problemas na vida sexual". Bom, eu não sei se é falta de comparecimento neste setor, mas que aquele povo precisa encontrar mais objetivos de vida, isso precisa. Porque ficar disseminando a filosofia do coice por aí realmente não é a melhor resposta. Ah, mas não é mesmo. Desse jeito, quem vai ficar azeda sou eu.