quisera eu que as comidas típicas de Natal fossem rúculas e quiabos. menos calóricas, mais saudáveis e mais leves para a consciência.
quisera eu não ter tendência para engordar para só então as calorias dos alimentos não serem tão facilmente acopladas às minhas silhuetas.
quisera eu que a minha mãe não soubesse cozinhar tão bem, aquela cretina, e desconhecesse completamente os segredos para se fazer uma maravilhosa torta de limão caseira, com quilômetros e quilômetros de merengue cobrindo a superfície de limão com leite condensado.
quisera eu então, pelo menos, odiar de todo o coração torta de limão.
quisera eu que todos os pavês e bolos com cobertura do mundo tivessem gosto de cocô mole e pus de ferida. e que todos os docinhos e bombons fossem recheados de jiló passado.
quisera eu que o Ano Novo e o Natal tivessem suas comemorações baseadas na cultura da Somália.
quisera eu que a minha mente fosse capaz de desvenciliar-se completamente das tortas de limão espalhadas pelo mundo. e que eu pudesse simplesmente não lembrar que há uma íntegra e intocada na geladeira, cuja massa foi feita de biscoito e cujo merengue está levemente marrom por ter sido dourado no forno.
quisera eu que a medicina tivesse trazido para o mercado a alimentação dos astronautas, baseada em pílulas e... só.
quisera eu viver de amor e brisa. quisera eu que esses dois elementos fossem ricos em nutrientes para que fosse seguro viver apenas deles.
quisera eu que os regimes tivessem barulho de chuva. e que o Natal e o Ano Novo não fossem tão perto da Páscoa.
um adendo: a minha mãe acabou de vir aqui perguntar se eu queria comer alguma coisa. eu disse: "quero. isso" e apontei pra tela do computador. a foto que estava aberta era
essa aqui. chaaaato...