XuCruTinho
quinta-feira, setembro 02, 2004
 
Sabe, vai entender essas coisas de homem... Eu não sei porque essa necessidade permanente de se sentirem másculos. De serem incrivelmente fortes e resistentes às brisas emocionais da vida. Eu não entendo. Qual é a grande dificuldade em enxergar que mulheres são um pouco mais do que um orifício? Como se o fato de elas serem pessoas fosse algo tão inadmissível e impossível quanto encontrar diamante em sujeira de ralo.
Tem um cara amigo meu que, putz, é a síntese dessa cegueira. Há alguns dias atrás, descobri que ele acha que toda mulher é vagabunda. Ser vagabunda, segundo ele, é algo tão inerente ao gênero feminino quanto ter um útero. Nós estávamos conversando sobre alguma indivídua que havia dado em cima dele, quando ele comenta que até pegava a garota, assim, sem compromisso. "É vagabunda mesmo". Eu fiquei assustadíssima com o jeito que ele falou dela. Tá, tudo bem, eu não acho a coisa mais linda mulher chegar num homem, mas isso nem sempre é sinal de que ela é oferecida. Às vezes, a garota só é corajosa e decidida. Ah não, mas para esse meu amigo (vamos chamá-lo de Bob), para o Bob é biscate. Aí claro, tive de defender a minha categoria. Argumentei dizendo que ele nem conhecia um número suficiente de mulheres para afirmar que todas elas são vagabundas. Mas com o Bob não tem confabulação. Mãe, filha, irmã, ex-mulher, atual... tudo vagaba e ponto. Reafirmei que nem todas são assim porque mulher é bem mais do que a simples vontade de querer dar. Pô, é gente também! Tem idéias, critérios, modos de enxergar a vida, as situações...! Não é um ser vivo que está com a fêmea de plantão 24 horas. Que isso, que ignorância! Que falta de percepção de... De tudo, meu Deus do Céu! "É tudo vagabunda! Não tem essa! Se não é, dá um copo de vinho pra ver se não vira uma então!". Caramba... O que foi que ensinaram para esse garoto? Eu fiquei tão indignada... Estava completamente suscetível a cometer gestos hostis e sanguinários contra ele. Claro que a essas alturas, eu nem esperava que ele acreditasse que eu não era biscatona. Apenas afirmei cheia de razão, sem dar brecha para que ele rebatesse: "Bom, meu querido, eu sei que eu não sou vagabunda". Porra, eu sei que eu não sou, mas ele afirmava fazendo aquela questão de reforçar embutido: "e ó, SEM EXCEÇÃO, se é que você me entende". Fiquei emputecida, claro!
Depois até relevei, sabe... Vai saber com que modelo de mulher ele cresceu, vai saber que namoradas sacanas ele já não pegou, vai saber que referências do papel masculino ele teve na infância... Às vezes é até engraçado. Tem dia que ele chega com uma raiva de mim, um ódio, me dá coice o dia inteiro, me cutuca, me dá inúmeras invertidas, como se tivesse querendo me culpar, me punir por alguma coisa. Na verdade, a raiva não é de mim especificamente. É das mulheres. Mais precisamente: é da mulher que o magoou, que o decepcionou, que o fez acreditar que a categoria não presta. A responsável pode ser a mãe, a primeira namorada, a primeira pessoa por quem ele se apaixonou e o largou na porta da igreja, a irmã...
Hoje ele estava assim comigo. Cheguei nele: "Que que é garoto? Você está descontente com alguma coisa? Então vá se resolver! Não vem descontar em mim, não porque a culpa não é minha! Eu cheguei na sua vida só há dez meses. Não deu tempo de fazer esse estrago todo pra você ficar com tanta raiva de mim". Aí ele, todo relax: "Ah Gaby, que isso, leva na esportiva". Odeio quando falam isso. O garoto me dá coice o dia inteiro, me chama de vagabunda por tabela, me escracha e ainda me pede pra levar na esportiva... Hum, esportiva... Vou inventar uma mega voadora, vou dar na boca dele e apelidar de Dos Santos 1. Aí ele vai ver o quanto eu sou esportiva. Ah, me poupe, sabe, eu tenho mais o que fazer...
 
segunda-feira, agosto 30, 2004
 
hoje tinha pauta na Assembléia Legislativa. o pessoal discutindo questões do setor fumageiro. e eu com a cabeça voando. normalmente eu estou super concentrada no trabalho, nos entrevistados, nos assuntos que estão sendo debatidos... óbvio, até porque se eu quero escrever uma matéria decente sobre o assunto, eu tenho que prestar atenção. é o mínimo. só que hoje, putz, eu estava loooonge... aí chegaram os outros repórteres dos outros veículos e eu fiquei reparando neles... todos totalmente engajados, completamente envolvidos com o tema tabaco e a agricultura, tabaco e as exportações, tabaco e o conflito entre empresas fumageiras e agricultores... e eu lá, pensando em coisas que aconteceram no final de semana. olhando a minha colega da CBN, fiquei fazendo rápidas analogias. naquele instante, não havia dúvida alguma de que ela era melhor profissional que eu. ela estava tão envolvida com o tema. eu já tinha feito as minhas entrevistas, já tinha entrado ao vivo, então meio que tinha terminado. e ela lá, falando do tema como se o assunto fosse "Como emagrecer sete quilos comendo apenas torta de limão durante um mês". o jornalista tem uma capacidade fenomenal de tornar qualquer assunto fascinante. bom, pelo menos esse deveria ser um dos requisitos para você ser um bom profissional. e pra isso, você precisa estar super interessado no que você está fazendo. caso este que passava longe de ser o meu. poxa, será que o jornalista está sempre interessado nos assuntos das pautas que cumpre? eu olhando a colega da CBN, me senti mal. me senti a pior das jornalistas. porque eu estava achando aquilo tudo tão xarope! a impressão que eu tenho às vezes é que todos os jornalistas com quem eu encontro, esses que já são até conhecidos meus de tanto que a gente se topa nas pautas, são melhores do que eu. é esse insistente complexo de foca (Foca = jornalista recém-formado) que não me larga!
e quando eu achei que tudo estava perdido, uma luz. eu estava esperando pelo motorista da rádio me buscar na saída da Assembléia, quando olho mais ao longe e encontro um colega de trabalho, também repórter de rádio. ele estava em uma pauta na região e também estava esperando pelo motorista dele. putz, e o cara é assim, o meu ídolo em termos de qualidade profissional. aí a gente ficou conversando, dando risada, e ele "eu te ouvi nesse final de semana, você por acaso apresenta um programa de música?". eu disse que sim. aí ele "você é repórter, apresentadora... o que mais?". eu dei risada e a gente continuou conversando. ele "sabe que eu gosto dos seus boletins? sempre te ouço". perguntou onde eu me formei, de onde eu era, disse umas coisas que eu podia melhorar, mas me elogiou. cara, eu acho que nem vou dormir hoje. ele é bem meu colega, a gente volta e meia se encontra nas pautas e dá risada, conversa bastante, e eu o considero tipo um padrão de qualidade que eu quero alcançar um dia. até disse isso pra ele hoje. "ah vai se catar", ele riu. mal sabe ele o quanto ele me ajudou dizendo que curte o meu trabalho. aliás, ele não tem a menor idéia. até falei quando ele mandou eu me catar "ó, na última vez que a gente se viu você me mandou ir cagar no mato quando eu disse que você era O Cara, que toda informação confusa poderia ser facilmente esclarecida com você. hoje você mandou eu me catar. não tô gostando disso não, hein?", brinquei. ele só deu risada. melhor coisa é você ser colega dos seus ídolos de profissão. além de trocar idéias, você absorve experiência em cada tussida do cara, para depois imitar e assim ir melhorando. enquanto isso, você vai passando aquela pose de jornalista que meio que sabe das coisas, que não tem tão pouca vivência na profissão quanto aparenta. que o Procon não me ouça. propaganda enganosa dá processo.

dados inúteis
Depois que o cigarro está pronto, o governo federal fica com 57% do valor do fumo e as fumageiras ficam com 30%. Quem revende, fica com 7%, sobrando apenas 4% para o agricultor. revoltante, não é?

 
Em 100% das vezes em que perguntam meu nome e eu digo que é Gabriela, ouço um “Gabriela? Cravo e canela?”, seguido de uma risada. E todas estas pessoas realmente acreditam que a piadinha é super original. Se eu te chamar de jaguara é porque gosto de você. Jesus é tudo pra mim.

Nome:
Local: Brazil

Anos se passaram, Gaby é jornalista formada, locutora de rádio, e continua molhando o pão no Nescau. Sou adepta do regime eterno, ainda tenho problemas sérios para comer de palitinho e fico levemente ofendida com a careta que as pessoas fazem quando eu conto que tenho um gato e ele se chama Xaninho. “Xaninho?? Que nome é esse?”. Um dos meus hobbies é gente esquisita. Eu adoro prestar atenção na história delas. Tenho medo do orkut. E de mariposas peludas. Ui. Eu costumo sonhar com pessoas famosas. Já sonhei que o Eminem vendia perfumes, que o Keanu Reeves estudava comigo e pegava um ônibus chamado “Vila Adidas” para voltar pra casa e que o Bon Jovi era meu melhor amigo. Eu gosto muito de torta de limão.

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