XuCruTinho
segunda-feira, maio 06, 2002
 

Bom, vamo' lá...
Seguinte. A galera combinou de se encontrar à noite para sair. Pãtz, como é nome do lugar mesmo...? Tá, não lembro. E nem faz tanta diferença assim.
Então tá, visualize: todos lá, o pessoal inteiro. Inclusive o Guilherme numa nova versão surfistinha-eu-sou. E eu na mesma velha versão nervosa-por-ele-eu-sou. Vai, vamos contar isso direito...
Na casa do meu pai, eu me arrumei toda poderosa, lindíssima e irresistível. Um daqueles dias em que você não está nada humilde. Roupa inteirinha social. Um "petáculo". Fui no salão fazer uma escova e não sei o que aquela tal de Roberta tinha na mão, mas CARA, a escova ficou um tesão! O cabelo ficou alto, com volume. Não ficou aquela coisa lambida que sempre fica. E para fechar, a minha "maquilagem" (ó a linguagem de traveco) também tava perfeita.
Eu estava me achando a poderosa, a antecessora de Gisele "Bintchin", o último Bis da caixinha, a bala que matou Cazuza. Só pra esclarecer, eu tenho plena consciência de que o Cazuza não morreu com um tiro...
Ok, fui para o local combinado. Assim que eu entrei, percebi que eu estar bonita não era questão de opinião minha. Era fato. Você nota quando as pessoas tão olhando. E nota que está incomodando certas indivíduas acompanhadas também. Bom, então já que eu estava bonita, o negócio era me achar mesmo.
Passou alguns minutos que a banda tinha começado. A música rolando, o povo saracoetando na pistinha e biriri bororó, até que um ser humano chega no meu ouvido e cochicha: "Sabe quem está aí? O Guilherme todo surfista". Pronto, lá foram as mãos da monga aqui começarem a suar. E eu com aquela pose de quem tinha acabado de ouvir um "Sabia que eu adoro mingau com cocô?". E aquela minha superestruturada e bem resolvida segurança simplesmente desabou. De "Hoje eu estou podendo", passei a pensar "Hoje eu estou fedendo". As únicas coisas que eu conseguia pensar eram: "Meu Deus, como eu estou ridícula. Que nada a ver essa bota! Gente, e essa maquiagem? Eu estou parecendo uma palhaça! E essa roupa justa sendo que eu estou uma gorda?!". A minha capacidade de me achar ridícula do nada é tamanha, que chega a ser engraçado... Rá-rá-rá, tô rindo até agora *cara de bunda*.
Foi só dizerem que o Guilherme tinha chegado que pronto!, eu comecei a me sentir o mais bizarro dos seres. O meu jeito de dançar era outro, as minhas piadas ficaram escrotas e eu tava ri-dí-cu-la. No mais literal sentido da palavra. Gente, como que pode?
Era uma sensação de insegurança extremamente bitolada. Eu via que não era daquelas insegurançazinhas normais que dão de vez em quando. O negócio tinha um aspecto patológico... Eu estava completamente neurótica.
Bom, aí tá. Lá ficou eu tentando fingir que continuava tão potente como quando eu tinha entrado no lugar. Os minutos entre o "Sabe quem está aí? O Guilherme todo surfista" e a entrada em si do dito cujo foram agoniantes. Eu achei que fosse ter filho, ou alguns deles. Não sei se era eu quem estava demais da mentecapta, mas pareceu de verdade que ele estava demorando anos para entrar. A questão é que uma hora ele entrou.
Agora eu te pergunto: se eu já estava passando mal só com a possibilidade de ele estar no mesmo ambiente que eu, imagine você o que foi quando esse garoto adentrou pela porta do bar? Depois de um ano e meio sem vê-lo ainda! Porra... Eu achei que fosse morrer. Não porque eu sou apaixonada por ele... Tá, eu não vou tentar explicar o que acontece porque eu não sei o que acontece. Mas acontece.
A sensação de ridículo dobrou consideravelmente e eu comecei a passar muito mal. Parecia que tinha encarnado um espírito de porco em mim: de garota linda e engraçadona, eu passei pra garota gorda e sem graça. Como que pode? Não tenho a menor.
Aí todas as meninas correram até ele para perguntarem da tal viagem que ele tinha feito, como que tinha sido, e pra perguntar do visual novo dele, todo Hawai. Eu? Eu fui pra direção oposta. Fui dançar com meus outros amigos. Eu estava tão desesperada tentando lidar com o que eu estava sentindo, que esqueci de elaborar uma opinião sobre o bronze e o cabelo mais comprido dele. Fiquei só curtindo a minha fossa psicológica. Eu tinha levado um fora de mim mesma.
Eu estava me sentindo a mais patética do mundo. Fiquei olhando ele dar oi para o pessoal. Nessa hora me veio um instante de consciência e a frase "Ô imbecil, por que você tá tão nervosa?" surgiu na minha cabeça. Apesar de bastante razoável, o questionamento não fez muita diferença, continuei me sentindo a rainha das manés. Bom, mas deixa eu passar a parte auto-ajuda porque daqui a pouco vai parecer que eu fiquei olhando-o de longe, alimentando um amor platônico e depois, quando eu fui embora, tentei me matar. Não foi bem assim. Ele veio falar comigo, a gente se abraçou, conversamos... Meu estômago a essas horas fazia tanto barulho que se não fosse a banda tocando no último volume, a responsável pelo conserto de trombone seria eu com certeza.
A noite toda eu fiquei inquieta. O tempo todo. Alguns momentos eu percebia que ele estava por perto, me seguindo, não de seguir desesperadamente, mas sei lá, seguir normal, pra ficar próximo. Eu me sinto uma idiota pensando que ele sequer pôde ter me seguido, mas foi o que eu senti.
Ê bosta de situação que me faz mal... O visual dele? É, tá legal... Quer dizer, tá aqueles básicos; todo colégio mais caro comporta meninos desse tipo. Assim, sem muito esquema... A questão é: eu vou achar o filho da puta bonito de qualquer jeito. Que bosta, né, eu sei... Alguém me dá um soco! Mas dos fortes, pra eu apagar. Porque se eu levantar, vou continuar parindo gerações por causa desse desgraçado.

 
Em 100% das vezes em que perguntam meu nome e eu digo que é Gabriela, ouço um “Gabriela? Cravo e canela?”, seguido de uma risada. E todas estas pessoas realmente acreditam que a piadinha é super original. Se eu te chamar de jaguara é porque gosto de você. Jesus é tudo pra mim.

Nome:
Local: Brazil

Anos se passaram, Gaby é jornalista formada, locutora de rádio, e continua molhando o pão no Nescau. Sou adepta do regime eterno, ainda tenho problemas sérios para comer de palitinho e fico levemente ofendida com a careta que as pessoas fazem quando eu conto que tenho um gato e ele se chama Xaninho. “Xaninho?? Que nome é esse?”. Um dos meus hobbies é gente esquisita. Eu adoro prestar atenção na história delas. Tenho medo do orkut. E de mariposas peludas. Ui. Eu costumo sonhar com pessoas famosas. Já sonhei que o Eminem vendia perfumes, que o Keanu Reeves estudava comigo e pegava um ônibus chamado “Vila Adidas” para voltar pra casa e que o Bon Jovi era meu melhor amigo. Eu gosto muito de torta de limão.

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